Yersiniose
A yersiniose é uma infecção causada por bactérias do género yersínia. Na maioria dos casos de infecções sintomáticas, a parte do organismo mais acometida é o intestino delgado, o que se denomina enterocolite. Essa condição caracteriza-se por diarreia e febre, podendo ser confundida com apendicite ou com outras doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.
Embora a maioria dos casos tenha uma evolução clínica similar à de outras infecções gastrointestinais, em alguns casos a yersiniose está associada a complicações.
Em cerca de 10% dos adultos infectados podem surgir nódulos bastante dolorosos nas pernas e pés, que são chamados de eritemas nodosos.
Outra manifestação é a inflamação das articulações, ou artrite, observada em nada menos que metade dos infectados. Já cerca de 10% a 30% das crianças acometidas pela doença apresentam também diarreia com sangue.
Outro risco, presente em qualquer processo infeccioso importante, é o de a infecção tornar-se sistémica, ou seja, disseminar-se em todo o organismo, o que requer cuidados médicos imediatos e intensivos.
A yersiniose tem distribuição mundial, porém é uma condição de baixa frequência, que ocorre mais no norte da Europa, na Escandinávia e no Japão. Essa doença acomete principalmente crianças, idosos, indivíduos debilitados e imunodeprimidos, ou seja, aquelas pessoas cujo sistema imunológico não responde bem às inflamações devido a doenças e a tratamentos.
Causas e sintomas
Em crianças, a yersiniose costuma apresentar-se com diarreia aguda e febre. Já os adultos também se queixam de dor abdominal do lado direito, de forma bastante semelhante à manifestação principal da apendicite, tanto assim é que esse sinal clínico, denominado linfadenite mesentérica, é conhecido como pseudo-apendicite. O quadro infeccioso pode durar de uma a três semanas.
Essa gastroenterite decorre da acção das espécies da yersínia, a yersínia enterocolitica e a yersínia pseudotuberculosis, que estão presentes em porcos, vacas, pássaros, esquilos, gatos e cachorros. A transmissão desses microrganismos dá-se basicamente, pela ingestão de água ou por comida contaminada.
A yersínia enterocolitica, em particular, é encontrada em uma grande variedade de alimentos, tais como as carnes de boi e de carneiro, as ostras, os peixes, o leite não pasteurizado e, principalmente na carne suína crua ou mal cozida e em seus derivados.
É importante salientar que mesmo que a conservação de tais alimentos tenha sido feita em frigorífico há risco de transmissão, uma vez que esse bacilo resiste à refrigeração e a baixas concentrações de oxigénio.
Raramente, a yersiniose pode ser adquirida pelo contacto com pessoas e animais infectados, assim como por transfusões sanguíneas e pela permanência prolongada em hospitais, já que existem relatos de infecção hospitalar por esses bacilos. Vale salientar que, após a contaminação, os sintomas surgem rapidamente, em cerca de três a sete dias.
Exames e diagnósticos
Como as gastroenterites podem ser decorrentes de diferentes agentes infecciosos, o diagnóstico definitivo de yersiniose depende do isolamento do microrganismo em exame de cultura de fezes ou em outros materiais biológicos (vómito, sangue ou apêndice).
Os testes laboratoriais de sangue para a pesquisa de anticorpos específicos contra as duas espécies da yersínia também podem ser empregados para esse diagnóstico. De qualquer modo, a doença constitui uma daquelas situações clínicas em que a análise minuciosa dos sintomas e da história clínica do indivíduo é fundamental, dada a possibilidade de confusão diagnóstica com outras condições gastrointestinais.
Tratamento e prevenções
Em muitos casos, o tratamento pode se resumir a medidas de hidratação do doente, que poderá ser feita tanto por via oral quanto por via endovenosa, de acordo com a severidade da diarreia. O uso de antibióticos está reservado aos casos mais graves, especialmente na presença de outras doenças e nas situações em que a yersínia entra na corrente sanguínea e se espalha para outros órgãos e tecidos. A boa notícia é que esse agente pode ser combatido eficientemente por vários anti-microbianos.
A forma mais eficiente de prevenir a yersiniose é procurar não consumir alimentos de procedência duvidosa e carnes cruas ou mal cozidas, principalmente de suínos. Da mesma maneira, deve-se evitar a ingestão de água não tratada e de leite não pasteurizado e seus derivados.
Embora dentro de casa, essas medidas pareçam muito simples, nos locais públicos escapam ao nosso controlo, principalmente porque não há conhecimento da forma como os alimentos são preparados. A falta de água corrente para higienizar as mãos, utensílios e as condições do ambiente de preparação estão directamente implicados nos riscos de contaminação dos alimentos pelo bacilo que causa a infecção. Já em áreas habitadas por roedores e por outros animais que carregam a yersínia, é fundamental proteger alimentos, plantações e reservatórios de água, da contaminação com as fezes desses animais portadores. Acresce referir, que a melhoria das condições de saneamento básico dos centros populacionais, é fundamental.
Fonte: Assessoria Médica Fleury