Anemia, sinais e sintomas
1 - Cansaço e falta de energia
Quando a quantidade de células que transportam oxigénio está reduzida, a capacidade do organismo de fornecer o mesmo para todos os tecidos fica comprometida. Como o oxigénio é um combustível essencial para as células funcionarem, a redução do mesmo provoca sintomas como cansaço, fraqueza, tonturas, falta de ânimo, dificuldade de concentração, sonolência e dor de cabeça.
Pessoas jovens e sadias toleram melhor o cansaço da anemia, sentindo estes sintomas apenas quando precisam realizar esforços. Já as pessoas mais idosas costumam se queixar muito de cansaço e falta de energia, tornando difícil a realização de tarefas simples, como se vestir, tomar banho e andar pela casa.
O cansaço é o sintoma mais comum e mais típico da anemia. Quanto mais rápida for a queda da concentração de hemácias, mais intenso é o sintoma de cansaço.
2 - Falta de ar
A falta de ar costuma ocorrer em casos graves de anemia ou nos pacientes que já apresentam algum grau de mau funcionamento cardíaco e/ou pulmonar. Como a quantidade de oxigénio que chega às células é insuficiente, a resposta do organismo é acelerar a frequência respiratória, na tentativa de aumentar a oxigenação do sangue.
Assim, o paciente com anemia pode queixar-se de falta de ar e apresentar uma respiração mais acelerada.
3 - Taquicardia - coração acelerado
Assim como há um aumento da frequência respiratória, há também um aumento da actividade do coração. O coração acelera tentando aumentar a quantidade de sangue que chega aos tecidos. A lógica é simples, se o sangue está pobre em oxigénio, é preciso chegar mais sangue às células para poderem receber uma quantidade aceitável de oxigénio.
A taquicardia também pode provocar o aparecimento de sopro no coração
4 - Dor no peito
Nos pacientes com doenças cardíacas, a redução da oxigenação dos tecidos e a aceleração dos batimentos cardíacos podem não ser bem toleradas. Se o paciente já tem o coração doente, ele terá dificuldades em aumentar o seu funcionamento e mesmo uma anemia leve pode ser a gota d'água que faltava para desencadear uma isquemia cardíaca.
Em pacientes com doenças do coração, valores de hematócrito abaixo de 10g/dl costumam ser perigosos.
5 - Palidez cutânea
A palidez da pele e das mucosas ocorre por dois motivos. O principal é, redução da circulação de sangue que ocorre nos tecidos periféricos (como a pele), já que o organismo passa a dar prioridade aos órgãos nobres do corpo, desviando o fluxo de sangue para os mesmos. Como a pele recebe menos sangue, torna-se mais pálida. Além disso, conforme há uma queda no número de hemácias circulantes, o sangue torna-se mais diluído, assumindo uma cor menos viva. Logo, na anemia, a pele e as mucosas passam a receber menos sangue e o sangue que chega encontra-se diluído por haver falta de hemácias. Além da palidez, a pele também pode ficar mais fria.
Conjuntiva pálida é um sinal de anemia
Em pessoas de pele mais escura, esta palidez da pele é mais difícil de ser notada. Para identificar uma anemia, é preciso olhar a cor da boca e da conjuntiva dos olhos, as quais, se apresentam mais pálidas em casos de anemia.
A palidez cutânea pode não ser notada até que a hemoglobina caia para valores ao redor de 10g/dl. Somente a ausência de palidez não descarta uma anemia.
6 - Câimbras
As câimbras ocorrem pelos mesmos motivos do cansaço e da palidez cutânea. A falta de oxigenação dos músculos, associado à redução efectiva da circulação de sangue, provoca distúrbios no funcionamento normal da musculatura, podendo surgir contracções involuntárias.
7 - Hipotensão
A hipotensão é um sintoma comum nas anemias que surgem por conta de perdas sanguíneas. Quando o paciente apresenta uma hemorragia, perde não só hemácias, mas também volume de sangue circulante, o que leva à queda da pressão arterial.
A hipotensão manifesta-se clinicamente como fraqueza extrema, dificuldade de ficar em pé, tonturas e sensação de desmaio.
Anemia com hipotensão é uma emergência médica, havendo indicação para transfusão de sangue logo que possível.
ANEMIA AGUDA VERSUS ANEMIA CRÓNICA
A intensidade dos sintomas da anemia depende de dois factores: o tempo da instalação da anemia e a gravidade da mesma. Anemias crónicas, que se instalam de forma lenta e gradual, ao longo de várias semanas ou meses, não costumam causar sintomas até fases bem avançadas. Como o processo é lento, as hemoglobinas existentes têm tempo de se adaptar, passando a ser mais efectivas na captação e distribuição do oxigénio pelo corpo.
Os valores normais de hemoglobina são maiores que 13g/dl para homens e maiores que 12g/dl para mulheres. Devido à capacidade de adaptação das hemácias, os pacientes com anemia crónica conseguem-se manter assintomáticos em repouso até níveis de 8 ou 9g/dl de hemoglobina. Logicamente, o estado de saúde anterior conta. Se o paciente já tem outras doenças, principalmente de origem pulmonar ou cardíaca, a sua capacidade de adaptação à anemia é bem mais reduzida. Pacientes jovens e em óptimo estado físico podem só sentir os sintomas da anemia em casos graves, com hemoglobina ao redor de 6g/dl. Já pessoas idosas podem começar a sentir os efeitos assim que os níveis de hemoglobina desça abaixo de 10g/dl.
Nos casos de anemias agudas, com instalação rápida, como as que ocorrem por hemorragias, o paciente sente os sintomas mesmo que a queda da hemoglobina não seja muito acentuada. Uma hemoglobina que cai abruptamente de 14g/dl para 10g/dl é suficiente para provocar muitos dos sintomas de anemia descritos acima.
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